Confiança para consumir deve aquecer indústria no próximo ano

Para analistas do mercado financeiro, produção aumentará mais de 3% em 2019, apesar de queda em setembro

Cubatão: polo industrial produz insumos petroquímicos e aço para setores que já mostram aquecimento

Analistas de mais de 130 instituições financeiras melhoram a expectativa de crescimento da produção industrial do País. Segundo a estimativa, calculada pelo Banco Central e divulgada toda semana por meio da pesquisa Focus, o setor crescerá 3,24% em 2019, bem acima dos 2,22% esperados para este ano.

No caso de Cubatão, que produz insumos para as indústrias, o crescimento do setor indica o aumento das encomendas de produtos petroquímicos e siderúrgicos.

De acordo com a Focus, a aposta na expansão da indústria vem ficando cada vez mais forte. Há quatro semanas, a expectativa era de um crescimento de 3% em 2019. Como se trata de uma revisão que se renova semanalmente, os percentuais costumam variar na casa decimal.

Entretanto, a pesquisa reflete a decepção com este ano. No mês passado, os analistas achavam que a produção industrial avançaria 2,67%. Agora está no 2,22%.

O resultado da produção industrial de setembro, calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra uma falta de fôlego. O indicador cresceu em oito regiões pesquisadas e recuou em sete.

As áreas no vermelho acabaram garantindo o recuo da média nacional em 1,8%. Essa queda se deu porque no grupo das sete está São Paulo, com recuo de 3,9%, perdendo apenas para Amazonas (-5,2%). Dos estados mais ricos, apenas Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, cresceram respectivamente, com 1% e 1,3%.

Entretanto, o desempenho do PIB brasileiro ainda é muito baixo em comparação aos emergentes e aos vizinhos da América Latina, com exceção da Argentina e Venezuela, respectivamente em recessão e colapso econômico. No Chile, a economia tem crescido 4% ao ano.

Veículos

A expectativa é que a produção industrial avance em outubro. Um dos segmentos mais fortes do setor, a indústria automotiva teve uma expansão robusta no mês, com o melhor outubro desde 2014 e também com o maior resultado mensal desde dezembro.

O resultado do setor automobilístico é importante porque ele indica o avanço de clientes específicos. Se eles estão comprando, é porque adquiriram confiança para investir.

Segundo o presidente da Anfavea, entidade que congrega as montadoras de veículos automotores no Brasil, Antônio Megale, os fabricantes lucram com a venda de caminhões e máquinas agrícolas e na aquisição de frotas de carros por empresas. Porém, falta aquecer o motor dessa indústria, que é a compra de automóveis pelo consumidor comum.

Químicos

O segmento químico também tem dado bons resultados. Segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o trimestre encerrado em setembro foi o melhor para o período nos últimos 12 anos.

Mas a diretora da Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Coviello Ferreira, afirma que o segmento enfrenta a entrada mais forte de importados. O problema da química brasileira, lembra ela, é a produtividade – baixa relação à dos demais países.

 

Pesquisa

3,2 por cento é o crescimento esperado para 2019

1,8 por cento foi a queda da indústria em setembro

 

Exportador

De tempos em tempos, a disparada do dólar tende a estimular as exportações, lembrando que o Brasil é o único emergente que tem sua economia centrada no consumo interno.

No caso brasileiro, quando o câmbio deixa de tornar os preços brasileiros mais competitivos, o ímpeto exportador se perde.

Segundo levantamento da Secretaria de Comércio Exterior, do Governo Federal, 2 mil empreendimentos que exportavam em 2015 deixaram de fazê-lo nos anos seguintes.

Um estudo do Sebrae aponta que há falta de preparo dos empresários para atuar no mercado externo, além de enfrentar a burocracia administrativa e a complexidade dos procedimentos de exportação.

Na pauta dos produtos mais vendidos por pequenas empresas brasileiras, estão moda feminina, pedras preciosas, calçados, móveis e produtos de perfumaria.

 

Fonte: Jornal A Tribuna – Caderno da Indústria