Mas Abiquim alerta que setor enfrenta problema de produtividade e que sente alta do ingresso de importados
A indústria química do País, que tem participação no Polo de Cubatão, registrou entre julho e setembro o melhor desempenho de terceiros trimestres nos últimos 12 anos, segundo a Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim).
Entretanto, o setor, segundo a própria Abiquim, tem contra sua recuperação a falta de competitividade frente aos importados, mesmo após a elevação do câmbio. Em um ano o dólar subiu de R$3,25 para R$3,73, uma alta de 14%.
Segundo a Abiquim, o índice de produção de químicos de uso industrial no terceiro trimestre cresceu 8,44% e o de vendes internas 13,89% em comparação ao período anterior (abril a junho). Esses resultados acentuados devem ser relevados, porque foram impactados pela greve dos caminhoneiros de maio, que represou a produção e as vendas.
Em relação ao terceiro trimestre do ano passado, os índices de julho-setembro também foram positivos: a produção cresceu 1,45%, o que torna o melhor terceiro trimestre dos últimos 12 anos. Já as vendas internas foram 1,9% superiores.
O consumo aparente nacional (CAN), que mede a produção mais importação e menos exportação, também apresentou melhora no terceiro trimestre, com resultado 15,8% superior ao registrado no trimestre anterior e 4,9% maior do que o CAN de igual período do ano passado.
No acumulado de janeiro a setembro deste ano, o segmento de produtos químicos de uso industrial apresenta crescimento de 1,84% no volume de vendas internas sobre igual período do ano anterior.
Já o índice de produção apresenta recuo de 2,62% nos últimos nove meses, em relação ao mesmo período do ano passado, segundo a Abiquim.
A taxa de utilização de capacidade instalada, que reflete o nível de ociosidade, ficou em 77%, de janeiro a setembro, um pouco abaixo da registrada em igual no período de 2017.
O desempenho do setor no terceiro trimestre foi positivo apesar da queda no índice de produção de 5,92% e de 7,82% no índice de vendas internas, em setembro, em relação ao mês anterior.
A diretoria da Economia e Estatística da Abiquim, Fátima Giovanna Coviello Ferreira, afirma que a atividade foi reduzida por paradas pontuais para manutenção, comum nos setores petroquímicos.
Entretanto, os índices que mostram uma recuperação não indicam que o crescimento voltou. A executiva diz ainda que há uma demanda desaquecida em relação aos dois meses anteriores e em menor proporção pelo número reduzido de dias úteis do mês, em relação a agosto.
Efeito cambial
De acordo com a Abiquim, a volatilidade cambial, muito intensa durante as eleições, trouxe dificuldades tanto para a compra de insumos importados quanto à exportação de produtos acabados.
“Tradicionalmente, no segmento de produtos químicos de uso industrial, os meses de julho a outubro são os melhores do ano, em razão das encomendas de Natal, festas e descartáveis para o período de verão, o que gerou uma recuperação no acumulado do ano”, afirma ela.
No entanto, ela alerta que continua a preocupação com o volume das importações. Fátima conta que no terceiro trimestre em relação ao período anterior, a importação de químicos cresceu 41% – quase cinco vezes mais que a produção loca.
Desempenho
13 por cento foi o aumento das vendas de químicos no mercado interno.
8 por cento foi a expansão da produção de químicos no terceiro trimestre.
41 por cento foi o crescimento da importação de químicos no terceiro trimestre.
14 por cento foi o aumento de cotação do dólar em 12 meses.
Comentário
Paulo Skaf – Presidente da Fiesp
“O que realmente interessa ao Brasil”
Os setores produtivos estão prontos para colaborar com o governo eleito no que for necessário para garantir o bem do País.
O Brasil precisa entrar em uma rota de crescimento sustentado, capaz de gerar emprego e renda para sua população. Para isso, consideramos fundamental a aprovação de um projeto de reforma da Previdência com a maior urgência possível, de preferência ainda em 2018.
Quanto mais o tempo passa, mais se agrava a bomba do déficit previdenciário. É muito importante também trabalharmos com afinco para buscar a reforma tributária, o ajuste fiscal, a queda de juros, a redução da burocracia e a melhoria do ambiente de negócios para estimular novos investimentos. Isso é o que realmente importa ao Brasil. Os setores produtivos nacionais estarão ao lado do governo eleito para trabalhar por esses pontos, que interessam a toda a Nação. Sobre nomes para a composição do governo ou sobre a estrutura organizacional dos ministérios, entendemos que esta é uma responsabilidade do presidente eleito, Jair Bolsonaro, que tem a legitimidade conferida por mais de 57 milhões de votos para organizar a administração do Estado da forma que considerar mais eficiente. Ele tem o nosso voto de confiança para isso.
Reforma inclui novas relações da revolução 4.0
A reforma trabalhista, em vigor desde novembro do ano passado, foi um esforço para introduzir na legislação da área as novas relações resultantes da atual revolução industrial, segundo relato da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) sobre o evento com a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Maria Cristina Peduzzi.
A ministra participou do encontro do Conselho Superior de Relações do Trabalho da Fiesp (Cort), realizado na terça-feira na Capital. “A quarta revolução industrial exige maior flexibilidade das relações do trabalho”, afirmou.
A revolução industrial, também chamada de 4.0, introduziu a inteligência artificial e a conectividade da internet na produção, consequentemente resultando em novas relações de trabalho.
Segundo o encontro da Fiesp, a reforma considerou a valorização da autonomia da vontade coletiva e individual, ao mesmo tempo que priorizou a redução do número de processos judiciais, com meios alternativos de resolução de conflitos e a garantia de maior segurança jurídica.
Entre as novas atividades estão o teletrabalho, com as funções que permitem a execução remota das tarefas. Segundo a ministra, o TST já reconhece a modalidade por meio das regras agora claras, conferindo segurança jurídica às contratações.
Maria Cristina também destacou o trabalho intermitente (atividade não contínua, com dias e horas de alternância de trabalho e de inatividade), de acordo com a Fiesp, lembrando que a reforma tornou mais claras as regras das demissões nesses contratos.
“A reforma enfrentou todas as questões que estavam controversas”, disse a ministra.
Mercado Internacional
Para a diretoria da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira, a atividade econômica apresenta resultados aquém do que se esperava e as principais cadeias que consomem produtos químicos não têm tido uma boa performance, apesar da melhora dos últimos meses.
“Os segmentos mais expostos ao mercado internacional e que trabalham com produtos que podem ser facilmente transacionados com o mercado externo, como o químico, não têm conseguido competir”, diz ela.
“O elevado custo do Brasil, atrelado aos altos custos com aquisição de matérias-primas e energia, e também a deficiência logística, impõem um custo ao produtos local que, muitas vezes, nem mesmo a depreciação do real compensa”, conclui.
Fonte: Jornal A Tribuna – Caderno da Indústria.